Configuração primária, poucas cores e vídeos em baixa definição. A julgar apenas pela aparência, o programa de computador Participar, criado por estudantes da Universidade de Brasília (UnB), poderia ser considerado uma ferramenta ultrapassada. Porém, essa plataforma educacional, simples do jeito que é, tem sido de grande valia para ajudar na resolução de um problema complexo. Fotos, filmes autoexplicativos e simulador de bate-papo auxiliam jovens e adultos com deficiência intelectual a se comunicar com o mundo. Para fazer o download no site do projeto, clique aqui. Testado durante dois anos em 650 centros de ensino do Distrito Federal e em unidades da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), o software teve aprovação geral. Seu resultado mostrou-se tão satisfatório que o Ministério da Educação decidiu levar o projeto para 93.000 escolas públicas do país a partir do próximo mês. Junto de outro aplicativo, batizado de Somar (veja abaixo), ele forma a única dupla de tecnologia do gênero que atende às necessidades educacionais desse público-alvo no Brasil. Um dos inúmeros beneficiados com o uso do Participar foi Antônio Filho, mais conhecido como Tonico, de 34 anos, que tem síndrome de Down. Ele passava a maior parte do tempo pintando quadros, que chegam a ser vendidos por 1 500 reais. Ao descobrir o software, melhorou sua capacidade de comunicação e ampliou os contatos. “Após a experiência com o aplicativo, Tonico começou a se sociabilizar mais”, afirma a mãe, Maria Margarida Araújo. Além de lhe dar suporte na alfabetização, a plataforma incentivou-o a se aventurar nas redes sociais. “Agora uso o Facebook para conversar com as pessoas”, diz ele, que, inclusive, já iniciou um namoro graças à novidade.