Uma professora sem igual no Brasil, uma professora com Síndorme de Down!
Débora sempre estudou em escolas regulares, junto com crianças sem a síndrome. Ela venceu os preconceitos, e realizou seu maior sonho.
Todos queriam uma menina. Mas quando o bebê tão esperado chegou, foi um choque.
“No máximo meia página nos livros de medicina sobre.
Não era nem síndrome de Down, era mongolismo”, conta José Robério Seabra de Moura, pai de Débora.
De repente, a família descobriu: havia esperteza e encantamento naqueles olhinhos puxados.
“Eu me dei conta de que o que eu queria era a mágica de morrer a síndrome de Down, e não a minha filha”, diz Margarida.
E todos passaram a tratar Débora como a criança que ela era. Entre irmãos, as brigas de praxe.
A ideia era tirar a síndrome de Down da obscuridade.
Débora foi garota propaganda da própria inclusão. E entrou para a escola regular, junto com as outras crianças. Nada de escola especializada.
“Eu também não fui preparada pra ser mãe de uma pessoa com síndrome de Down. Eu aprendi sendo. o professor tem que aprender a fazer fazendo”, afirma.
O que ninguém esperava é que escola fosse tão marcante a ponto de determinar a profissão de Débora.
Ela se formou em magistério, em Natal, no Rio Grande do Norte. E se tornou a primeira professora de ensino fundamental do Brasil com síndrome de Down.
“Eu levo eles para a roda. Cantamos juntos. Para poder eles aprenderem notas musicais. Ajudo também eles nas atividades”, conta Débora.
Ela é professora assistente, o braço direito de Sandra.
“É relação de troca entre a gente e ela. Tanto ela aprende quanto a gente aprende também”, observa a professora Sandra Rocha.
É adorada pelas crianças e pelos pais.
“Faz com que as crianças enxerguem essa diferença de maneira natural”, afirma Laísa Palhano, mãe de aluna.
E pela direção da escola.
“Inicialmente foi um desafio pra nós. Como trabalharíamos? Será que seria uma coisa complicada, difícil? E não, vimos que não, isso não existe, pelo contrário. Ela tem uma memória fantástica. E é muito criativa, adora artes”, conta Lucila Ramalho, coordenardora pedagógica.
De todas as artes, é o teatro que ela prefere. Débora fez curso de atriz para melhorar seu desempenho como professora.
“Olha, ela rouba a cena, viu? Ela rouba a cena”, diz Nara Kelly, atriz e professora de teatro.
Já encenou duas peças em Natal. “Todo mundo fica vidrado, até porque o diferente causa aquele deslumbramento”, conta Nara.
Entre os colegas, a professorinha que virou atriz provocou uma revolução de conceitos.
“Ela quebrou preconceitos, ela quebrou a visão que os outros tinham em relação à síndrome de Down”, diz Denis José Braga de Araújo, ator.
Virou ativista das causas que considera justas. Se o governo fechou o Centro de Teatro Experimental de Natal? Ela colocou na cabeça que tinha que Reabrir o Centro.
Mas a vida não é só trabalho e luta. Se já teve namorado? Claro!
Débora :Que tinha síndrome também.
Fantástico: Que tinha síndrome também, né?
Débora:É.
Fantástico: Já acabou?
Débora: Já.
Fantástico: Agora cê tá…
Débora: Solteríssima!
Fantástico: Solteríssima? Mas tá querendo namorar, não?
Débora: Estou.
Fantástico: Tá, né? tá bom. é bom que as pessoas saibam, né?
Débora: É.
Se não aparecer pretendente, não faz mal. Débora está ocupadíssima com um novo projeto.
“De fábulas inclusivas”, conta Débora.
É sua estréia como escritora. Com apresentação elogiosa do imortal da Academia Brasileira de Letras João Ubaldo Ribeiro, o livro já está na gráfica.
Débora lê trecho do livro: “Papagaio respeita o cachorro com seu pelo e seu latido. Cachorro respeita o papagaio com suas penas e suas falas”.
São fábulas para crianças, mas não deixa de ser a autobiografia de uma professora e sua ideia fixa: “A gente não pode desistir dos nossos sonhos, né?”, ensina Débora.
Fonte: Fantástico
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